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Diario de uma mulher negra

Elsa Varela, Anemia falciforme, depressiva, ansiosa, neurótica sempre estilosa! Viciada em roupa, sapatos,café com açúcar e uma pitada de resiliência! resiliente!

Diario de uma mulher negra

Dom | 16.08.20

Ode de morte!

Querida vida,venho por este meio te informar que neste momento estou morta.

Morri no dia que nasci porque viver foi cruel e ávido para a minha alma sensível. 

Vivi muitas vidas mas esta foi demasiado cruel,foste injusta e perversa com a minha mente.

Debilitaste o meu ser,a minha mente,fizeste-me entrar numa vida que não pertenço e quanto muito a mereço.

Fiquei á mercê de chacais,monstros e mentes mais.

Fizeste-me diferente e incapaz de ser amado.Ao espelho vi migalhas de quem poderia ser mas a crueldade de viver foi-se na sombra do querer perder.

Perdi-me nas encostas de uma montanha ao querer abraçar quem nunca me fez viver.

Toda eu sou vislumbre de um mundo sem eu ser.A pobreza retalhou-me,a indefesa colheu-me.

Na mente sombria a luz não fez razão,pois aqui estou no meu caixão. 

Quem me chora nunca entendeu que nada mais há a dizer,vivi sem sorrisos,sem vontades,sem validade.

Os abraços nunca foram ternos a fraternidade sempre foi um erro.

Vida,agora vibra sem mim,os meus carrascos nunca me entenderam,fui fraca eu sei mas a liberdade saboreie num minuto depois deitei.

Chorei uma última lágrima no meu último suspiro e dentro dela caminhei talvez para o limbo nem sei.

A minha paz finalmente encontrei,desilusões e desamores desonrei na vida que encontrei.

Querida vida por ti não vivi só sonhei,os sofrimentos encontrei neste caminho que pisei.

Odes a mim não terei,talvez um mero alívio na memória de onde estarei.